sábado, 29 de abril de 2017

Ele se foi...

Tenho a impressão que se eu fechar os olhos, 

As coisas vão mudar 

E o tempo vai voltar... 

Ele ainda estará aqui, 

(E ela também). 


Mas abro os olhos e percebo que não 

Ele também se foi... 

Mesmo sabendo que ele estava doente e muito debilitado 

Essa certeza de que ele se foi é estranha. 


Minha mente volta ao passado, 

Lembro-me de quando ele me carregava na cacunda, 

Quando jogávamos dominó, baralho 

E das crises de risos quando fazíamos “guerra de cócegas”. 


É verdade que nem tudo foi sempre bonito, 

Existe uma lacuna de lembranças 

Quando penso na minha pré-adolescência até a vida adulta. 

Sua presença foi meio ausente... 


Na infância ele sempre foi meu herói 

E na adolescência ele me fez perceber que não somos perfeitos. 

Ele estava preso ao vício do álcool 

E isso fez nossos momentos juntos diminuir... 

Foram anos, mas o tempo é relativo. 


Eu prefiro contar a vida pelos momentos que vivemos 

E não pelos que deixamos de viver. 

Por isso os momentos que tenho são da infância 

E os de agora, depois que ele deixou de beber. 

Eu já era adulta, mas ele continuava dizendo que eu era sua criança. 


Sempre que eu chegava tarde 

Ele estava no ponto de ônibus me esperando. 

Ainda posso ouvi-lo falando todo orgulhoso de sua filha engenheira 

Ou reclamando comigo do horário que eu ia chegar em casa. 


Em suas últimas semanas, eu estava com ele. 

Agora ele não mais me carregava, 

Mas eu o ajudava a caminhar. 

Ele não me esperava no ponto de ônibus, 

Mas em um quarto de hospital... 


Ele se foi... 

Mas continua em mim. 

No meu jeito zueiro de ser, há muito dele. 

Essa veia característica que há em minha testa 

Está em mim, mas é dele e não minha. 


Desde de criança 

Eu implicava com o seu cabelo branco, 

Com o seu bigode... 

Ríamos. 

Hoje essas implicâncias não fazem tanto sentido, pois ele se foi. 


Nós caminhamos até a janela do quarto, 

Eu o ajudei a sentar-se um pouco 

E por uns instantes observamos a vista da Lagoa 

Enquanto ele pegava um pouco de sol.  


Última lembrança, 

Último momento, 

Última conversa, 

Últimos risos. 


Minha mãe sempre me dizia que ele chorou quando eu nasci 

E eu chorei com sua partida... 

Agora ele não está mais aqui, 

Mas continua e continuará presente em mim!


sábado, 1 de abril de 2017

Ela se foi...

Ela se foi
E em tudo ainda faz-se presente.
Foi tão rápido e inesperado...

Não há um vazio em mim,
Pois estou repleta de momentos com ela.
Momentos que não foram só de alegria, mas houve muitos sorrisos...
Ela sempre, sempre estava presente.

Se me olho no espelho,
Vejo traços dela.
Essa pinta em meu rosto nunca foi minha
Sempre foi dela.

Em cada canto da casa
Há uma lembrança dela...
Há muito dela em mim e em tudo!
Ela não deixou lugares vazios, mas repletos de lembranças.

Eu não vou mais ouvi-la perguntar
Se já almocei, se comi feijão, se vou demorar pra chegar em casa...
Ela não irá mais me levar ao portão
Eu não a pedirei a "bença" e nem a beijarei mais antes de sair, 
Antes de dormir, diariamente.

Não vou mais vê-la
Sorrindo, cantarolando, triste, preocupada, contente...
Não a verei mais,
Não aqui, nesse mundo efêmero.

Deus a levou.
E Ele fez do jeito que ela desejava,
Sem dor, de forma rápida e em um dia tranquilo.
Ela se foi, mas sempre será lembrada.  

Sei que Deus está no controle de tudo,
Sei que um dia a encontrarei na eternidade.
Mas hoje, amanhã, depois...
Minhas lembranças continuarão carregadas de saudades dela.